Esta planta sobreviveu a tudo – e agora está no centro de um novo debate científico
Por: Mirian Ferreira
Por que falar de uma árvore de 200 milhões de anos? O Ginkgo biloba é um dos últimos representantes vivos de uma linhagem vegetal da era mesozoica, praticamente imutável em morfologia desde sua origem, o que lhe confere o status de “fóssil vivo”. A planta sobreviveu a extinções, eras glaciais e até à bomba nuclear em Hiroshima – seis árvores rebrotaram após o ataque em 1945 – tornando-se símbolo de resistência e esperança.
Beleza e robustez no paisagismo urbano
No paisagismo, o Ginkgo oferece:
- Copa piramidal elegante, ideal para calçadas e jardins.
- Folhas em leque que se tingem de dourado no outono, criando cenários deslumbrantes.
- Alta resistência a poluição, pragas e estresse urbano, reduzindo custos de manutenção.
Além disso, viveiros no Brasil priorizam árvores macho, evitando o fruto malcheiroso produzido pelas fêmeas.
Ciência moderna: memória, ansiedade e personalização
O extrato padronizado EGb 761 reúne flavonoides e lactonas (ginkgólidos A–M) com ação antioxidante, neuroprotetora e ansiolítica:
- Potencial aumento da acetilcolina, neurotransmissor importante para a memória.
- Modulação de receptores GABA, promovendo efeito calmante.
- Redução do estresse oxidativo e inflamação neural.
Evidência clínica recente
- Estudos de 2024 com adultos ≥ 60 anos: 240 mg/dia de EGb 761 durante 24 semanas proporcionaram melhora significativa em testes de memória episódica, em contraste com placebo.
- Um estudo brasileiro com 170 participantes mostrou 38 % de redução em sintomas de ansiedade generalizada com doses de 480 mg/dia, sem aumento de efeitos adversos.
Meta-análises e revisões sistemáticas
- Uma meta-análise (4 ensaios, 240 mg/dia por 22–24 semanas) apresentou melhora significativa dos sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com demência, especialmente ansiedade, apatia e distúrbios do sono .
- Outra revisão mostrou efeitos positivos em deterioração cognitiva leve (MCI) e sintomas neuropsiquiátricos.
Estudos pré-clínicos inovadores
Em camundongos com Alzheimer, o EGb 761 reduziu placas amiloides e inflamação (TNFα), alterando microglia — células imunes do cérebro — especialmente no córtex pré-frontal.
Biodisponibilidade
O extrato standardizado tem 80–90 % de biodisponibilidade, com pico plasmático em ~1,5 h. Já o chá das folhas tem menos de 5%, pico tardio (~3–4 h) e efeito clínico duvidoso.
Farmacogenética
Variantes nos genes CYP2C19, CYP2D6 e CYP3A4 afetam a metabolização de ginkgólidos. Metabolizadores lentos tendem a manter níveis mais altos no sangue e relatam respostas mais expressivas à cognição — uma nova fronteira para a medicina personalizada.
Comparativo: Ginkgo, Rhodiola e Bacopa
Planta | Memória | Ansiedade/Estresse | Custo | Ecologia |
---|---|---|---|---|
Ginkgo biloba | Discreta a moderada em idosos | Redução comprovada em TAG | Alto | Poluição, longevidade, urbano |
Rhodiola rosea (“raiz dourada”) | Modesta (foco em fadiga) | Forte ação adaptógena | Médio | Altitudes extremas |
Bacopa monnieri (“Centella asiática”) | Evidência em memória de trabalho | Reduz estresse (mecanismo distinto) | Baixo-médio | Aquática, fácil de cultivar |
O Ginkgo destaca-se por combinar memória, ansiedade e valor paisagístico, enquanto os outros são mais voltados a performance ou adaptogenicidade.
Veja outros estudos com plantas, entre elas o café.
Cultivo no clima quente brasileiro
Com protocolos adequados, o Ginkgo alcança até 80 % de sobrevivência em Minas, Paraná e Centro-Oeste. Recomendações práticas:
- Solo argilo‑arenoso (20–40 % argila), pH 5,5–7,0, enriquecido com matéria orgânica (adubação semestral aumenta flavonoides até 20 %).
- Plantio no outono, irrigação regular e sombreamento (30–50 %) até o 2º ano.
- Do 3º ano em diante, manutenção leve.
- Variação fitoquímica entre cultivares (diferença de até 35 % nos ginkgólidos entre regiões), abrindo caminho para extratos “made in Brazil” e cultivares dirigidos.
Segurança e interações
Efeitos adversos leves incluem desconforto gastrointestinal e cefaleia. O principal alerta é o risco aumentado de sangramento com anticoagulantes/antiplaquetários. Recomendações:
- Consultar médico antes de usar com varfarina, aspirina, clopidogrel.
- Monitorar pressão arterial se já estiver em tratamento.
- Evitar em gestantes, lactantes e epilépticos sem orientação.
Impacto urbano e ecológico
Nas cidades, a árvore ajuda a mitigar ilhas de calor, promover evapotranspiração, servir de abrigo para insetos e aves e reduzir o uso de pesticidas — um ícone de paisagismo sustentável.
Fronteiras dos estudos para 2025–2030
- Testes genéticos rápidos para ajustar doses de EGb 761 conforme perfil metabólico.
- Desenvolvimento de extratos híbridos (Ginkgo + Bacopa) para sinergia entre memória e ansiedade.
- Estudos sobre como a poluição urbana modifica o perfil fitoquímico das folhas.
Uma curiosidade: O Ginkgo biloba produz sementes envoltas por uma polpa macia que se parece, mas não é, biologicamente — com um fruto verdadeiro. Estas estruturas são conhecidas como “falsos frutos” ou “drupas” e, quando maduras, têm cheiro muito desagradável devido ao ácido butírico.
Dentro desse falso fruto está a semente do ginkgo, que muitos chamam de “amêndoa”, embora tecnicamente seja apenas uma semente grande e comestível após preparo correto, não devendo ser consumida crua por questões de toxicidade.
Conclusão
Cultivar Ginkgo biloba não é apenas prestigiar uma árvore imponente, mas aproximar-se de um símbolo vivo de história, ciência e bem-estar. Seu cultivo representa a fusão de estética, neurociência moderna e sustentabilidade urbana — um convite para transformar fascínio em prática cotidiana que nutre a memória, acalma a mente e colore o futuro.
Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.
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