Café mais caro do Brasil: o curioso papel do Jacu na bebida exótica
Por: Mirian Ferreira
Você já ouviu falar do café mais caro do Brasil? Pois é, a história dessa bebida vai muito além das lavouras e dos grãos torrados. Ela envolve uma ave nativa da Mata Atlântica, o Jacu, que transformou um problema para os produtores em uma oportunidade única — e hoje coloca o país no mapa das bebidas mais raras do mundo.
Como o Jacu transformou prejuízo em café mais caro
Tudo começou nas plantações de café do Espírito Santo. Os produtores perceberam que os Jacus, aves de porte médio e hábitos florestais, se alimentavam dos frutos maduros, causando perdas de até 15% da safra.
O que parecia uma praga acabou virando um tesouro: os grãos que passavam pelo trato digestivo do jacu saíam intactos nas fezes. A partir daí, surgiu o processo artesanal de coleta, higienização e torra, resultando em uma bebida exótica, adocicada e de altíssimo valor.
Hoje, o quilo pode chegar perto de R$ 1 mil, colocando o Café do Jacu entre os cafés mais valorizados do Brasil.
Por que o café do Jacu é considerado o café mais caro?
A explicação está tanto no processo quanto na exclusividade. O Jacu seleciona apenas os frutos mais doces e vermelhos do cafezal, funcionando como um “degustador natural”. Durante a passagem pelo seu trato digestivo, substâncias da polpa alteram a composição química do grão, suavizando a acidez e realçando notas adocicadas.
É um trabalho lento e totalmente manual: cada grão precisa ser coletado, limpo e preparado individualmente, o que aumenta ainda mais o valor do produto.
Café mais caro do mundo: o paralelo com o Kopi Luwak
O fenômeno não é exclusivo do Brasil. No Sudeste Asiático, um pequeno mamífero chamado civeta é responsável pelo Kopi Luwak, conhecido como o café mais caro do mundo, que pode custar até R$ 6,6 mil o quilo.
Assim como no caso do Jacu, os grãos passam pelo trato digestivo do animal antes de serem expelidos. O processo confere características sensoriais únicas à bebida, que ficou famosa mundialmente depois de aparecer em filmes e reportagens internacionais.
Café mais caro e sustentabilidade: a relação amigável com o Jacu
O mais curioso é que essa relação trouxe benefícios também para a natureza. O Jacu é uma espécie ameaçada de extinção, e sua presença nas lavouras indica que o ambiente está preservado. Além de produzir o café mais caro, a ave contribui para a regeneração da floresta ao dispersar sementes por grandes distâncias.
Hoje, em vez de ser perseguido, o Jacu é respeitado e até protegido por cafeicultores, criando uma convivência sustentável que une preservação e produção de café de qualidade.
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Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.
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