Borra de café vira ‘lenha ecológica’ e ganha uso na geração de energia limpa
Por: Mirian Ferreira
A sustentabilidade do café é um tema cada vez mais crucial para o agronegócio brasileiro e para o planeta. Em meio ao crescente volume de resíduos gerados pela cadeia produtiva do café, surgem inovações que transformam esses subprodutos em soluções ambientais e econômicas, como no caso da reutilização da borra de café. A história do empreendedor Luiz Zolet ilustra perfeitamente essa tendência, mostrando como a criatividade pode contribuir para um futuro mais sustentável.
A borra de café, tradicionalmente descartada de forma inadequada, pode ser transformada em uma fonte de energia limpa e renovável, reduzindo significativamente o impacto ambiental da produção cafeeira. A partir de seu projeto inovador, Zolet criou uma alternativa sustentável que beneficia tanto o meio ambiente quanto a economia local, reforçando a importância da sustentabilidade do café para o setor.
Este artigo explora como a sustentabilidade do café pode ser promovida por meio do reaproveitamento dos resíduos, detalha a trajetória da Bricoffee e apresenta as perspectivas para o futuro dessa iniciativa que alia tecnologia, economia circular e responsabilidade ambiental.

Da borra de café ao pellet energético
Luiz Zolet, ex-corretor do Paraná, encontrou na borra de café uma matéria-prima promissora para a produção de energia. Após descartar o lixo, teve a ideia de reaproveitar esse resíduo, inicialmente tentando extrair óleo, mas depois focando na produção de pellets.
Os pellets de borra de café, conhecidos como “lenhas ecológicas”, substituem cavacos de madeira em caldeiras, evitando o desmatamento e contribuindo para a sustentabilidade do café ao reduzir a queima de combustíveis fósseis.
Desenvolvimento e apoio tecnológico
O projeto começou em casa, com uma prensa manual, e evoluiu após ser selecionado pelo Biopark de Toledo (PR), onde Zolet desenvolveu a tecnologia por seis meses. O Sebraetec financiou o projeto industrial com R$ 300 mil, ampliando a capacidade produtiva.
Hoje, a Bricoffee produz cerca de 200 quilos de pellets por hora em Tupãssi (PR), com planos de expansão para Varginha (MG), onde há maior disponibilidade de resíduos de café, aumentando a sustentabilidade do café no território nacional.
Impactos ambientais positivos da reutilização da borra de café
Redução da emissão de carbono – A decomposição natural da borra de café demora cerca de 50 a 60 dias, liberando gases de efeito estufa. Com os pellets, esse passivo ambiental é eliminado, oferecendo uma fonte energética limpa e sustentável.
Cada tonelada de resíduo reaproveitado pode evitar a emissão de aproximadamente 200 quilos de carbono equivalente, o que corresponde a 200 créditos de carbono, reforçando o potencial da sustentabilidade do café.
Prevenção do desperdício e do descarte inadequado
O Brasil descarta cerca de 8 mil toneladas diárias de borra de café, um volume que representa um grande desafio ambiental. O reaproveitamento desses resíduos evita o acúmulo em aterros e a contaminação do solo e da água.
Além disso, a iniciativa promove a economia circular no setor cafeeiro, gerando valor a partir de um resíduo antes negligenciado e melhorando a imagem ambiental da cadeia produtiva.
- Reduz o impacto ambiental do descarte inadequado de resíduos.
- Diminui a emissão de gases de efeito estufa.
- Contribui para a conservação das florestas evitando o uso de lenha.
Expansão e perspectivas de mercado para os pellets de borra de café
Com a demanda crescente, Zolet planeja ampliar a produção para 25 toneladas diárias até 2026. O investimento estimado para a nova linha de produção varia entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão.
Essa expansão possibilitará atender a grandes torrefadoras e indústrias, fortalecendo a sustentabilidade do café e ampliando o uso dos pellets como alternativa energética.
Competitividade e custo-benefício
O pellet de borra de café é vendido a preços entre R$ 0,95 e R$ 1,00 por quilo, mais barato que os pellets de pinus, que custam R$ 1,40 na mesma região. Essa vantagem competitiva estimula a adoção do produto.
Além do custo menor, os benefícios ambientais agregam valor, tornando os pellets uma solução atrativa para indústrias que buscam reduzir sua pegada de carbono.
Sustentabilidade do café e a indústria: uso da borra como biomassa industrial
Desde a década de 1980, a Nestlé utiliza a borra de café como fonte energética em sua fábrica de Araras (SP). A borra é prensada, armazenada em silos e misturada a cavacos de madeira para alimentar caldeiras.
Esse método contribui para a redução do consumo de combustíveis fósseis e das emissões de gases de efeito estufa, reforçando a importância da sustentabilidade do café nas grandes indústrias.
Gestão de resíduos e fertilização orgânica
Atualmente, 97% da borra gerada é reutilizada como biomassa, enquanto o restante é destinado à compostagem e usado como fertilizante orgânico em lavouras locais. Essa prática demonstra uma gestão eficiente dos resíduos.
Assim, a sustentabilidade do café vai além da energia, abrangendo também a melhoria da qualidade do solo e o fortalecimento da agricultura sustentável na região.
Benefícios econômicos e ambientais do reaproveitamento da borra de café
Empreendimentos como a Bricoffee mostram que a sustentabilidade do café pode ser aliada à geração de renda, criando empregos e fomentando a economia local por meio da transformação de resíduos em produtos úteis.
Esse modelo promove a inovação no agronegócio e incentiva outras iniciativas de economia circular, essenciais para o desenvolvimento sustentável do setor.
Conservação ambiental e responsabilidade social
Ao substituir fontes de energia não renováveis, os pellets de borra de café contribuem para a conservação ambiental e a redução do desmatamento. Isso fortalece a imagem sustentável das empresas envolvidas.
Além disso, a iniciativa sensibiliza a sociedade sobre o valor dos resíduos e a importância da sustentabilidade do café para o equilíbrio ecológico.
- Criação de empregos locais e valorização da cadeia produtiva.
- Incentivo à economia circular e inovação sustentável.
- Redução da pegada de carbono e conservação dos recursos naturais.

Aspectos técnicos da produção de pellets a partir da borra de café
A produção dos pellets envolve a coleta, secagem e prensagem da borra de café, transformando-a em um combustível sólido compacto. O processo garante alta densidade energética e fácil manuseio.
O controle da umidade e a uniformidade dos pellets são fundamentais para garantir eficiência na queima e a sustentabilidade do café como fonte energética.
Qualidade e desempenho energético
Os pellets de borra de café apresentam boa eficiência térmica e baixa emissão de poluentes, sendo uma alternativa viável para caldeiras industriais e residenciais.
Essa qualidade técnica é essencial para a aceitação do produto no mercado e para sua contribuição efetiva na redução dos impactos ambientais.
Desafios e oportunidades para o futuro da sustentabilidade do café
Um dos principais desafios é garantir a coleta eficiente da borra de café, especialmente em regiões com menor concentração de indústrias. A logística adequada é crucial para a viabilidade do negócio.
Investir em parcerias com cooperativas e estabelecimentos comerciais pode ampliar a disponibilidade de matéria-prima, fortalecendo a sustentabilidade do café.
Certificações e mercado de créditos de carbono
A Bricoffee busca certificações internacionais para comercializar créditos de carbono, agregando valor ao produto e incentivando práticas ambientais responsáveis.
Esse movimento abre oportunidades no mercado verde e posiciona a sustentabilidade do café como um diferencial competitivo importante para o setor.
| Aspecto | Descrição | Benefício |
|---|---|---|
| Redução de CO₂ | 200 kg de carbono equivalente evitado por tonelada de borra reaproveitada | Contribui para mitigação das mudanças climáticas |
| Produção atual | 12 a 13 toneladas diárias de pellets | Energia renovável para indústrias locais |
| Preço do pellet | R$ 0,95 a R$ 1,00 por quilo | Mais competitivo que pellets tradicionais |
| Investimento em expansão | R$ 800 mil a R$ 1 milhão | Ampliação da capilaridade e produção |
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Conclusão
A história de Luiz Zolet e sua empresa Bricoffee demonstra como a sustentabilidade do café pode ser transformadora, combinando inovação, responsabilidade ambiental e desenvolvimento econômico. O reaproveitamento da borra de café em pellets energéticos oferece uma solução prática para um problema ambiental significativo, ao mesmo tempo em que gera oportunidades de negócio e fortalece a economia circular no setor.
Essa iniciativa, aliada a práticas industriais como as da Nestlé, reforça o potencial do agronegócio brasileiro de liderar a sustentabilidade global na produção de café. Ao integrar tecnologia, mercado e meio ambiente, a sustentabilidade do café se apresenta não apenas como um desafio, mas como uma oportunidade real e urgente para o futuro.
Para saber mais sobre projetos de energia renovável e sustentabilidade no agronegócio, confira as informações da Sebrae e do Grupo Nestlé.
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Mirian Ferreira
Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.
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