Seca ameaça produção: como as mudanças climáticas impactam o futuro do café no Brasil?

A safra de café brasileira, um dos pilares do agronegócio nacional, enfrenta um momento delicado em 2025. Após anos de desafios climáticos, novas projeções indicam uma colheita menor do que a esperada para a variedade arábica, gerando preocupações para produtores e mercado. Com impactos diretos no rendimento dos grãos, a situação evidencia a vulnerabilidade das lavouras diante de fatores ambientais extremos.

Este cenário reforça a importância de acompanhar de perto os dados oficiais e análises especializadas sobre a safra de café. Entender as causas e consequências dessa redução é fundamental para quem atua no setor ou acompanha o mercado global da bebida mais consumida no mundo. Neste artigo, apresentamos as últimas projeções para a safra brasileira de café 2025/26, detalhando os efeitos do clima adverso e o comportamento das variedades arábica e conilon.

Descubra como as condições climáticas impactaram a produção, quais regiões foram mais afetadas e o que as principais consultorias do agronegócio apontam para o futuro próximo da safra de café no Brasil.

Panorama atual da safra de café no Brasil

A safra de café brasileira é reconhecida mundialmente pela qualidade e volume, mas enfrenta desafios constantes. Em 2025, o país lida com os efeitos da bienalidade negativa combinada a eventos climáticos adversos, que prejudicaram particularmente a produção de arábica.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área colhida atingiu 96% até o final de agosto, mas a produção final deve ser menor do que o inicialmente previsto. A safra total está estimada em 55,2 milhões de sacas beneficiadas, um leve crescimento de 1,8% em relação a 2024, porém com uma queda significativa na variedade arábica.

Esse cenário destaca a importância de monitorar fatores como clima, manejo das lavouras e condições de mercado para garantir a sustentabilidade da safra de café no país.

Bienalidade e seus efeitos na produção

A bienalidade é um fenômeno natural que alterna anos de alta e baixa produção nas lavouras de café, especialmente na variedade arábica. O ciclo de 2025 é considerado negativo, o que já sinalizava uma safra menor antes mesmo dos impactos climáticos.

Principais regiões produtoras afetadas

O Cerrado Mineiro, uma das regiões mais importantes para o café arábica, sofreu com uma geada em agosto que comprometeu cerca de 5,5% do potencial produtivo local. Outras regiões também enfrentaram períodos prolongados de seca e altas temperaturas.

Importância da safra para o mercado global

Como maior produtor mundial de café, o Brasil influencia diretamente o mercado internacional. A safra de café impacta preços, exportações e a cadeia produtiva global, tornando os dados nacionais essenciais para previsões econômicas.

Impacto do clima na safra de café 2025

O clima adverso tem sido o principal fator responsável pela redução da safra de café em 2025. A combinação de seca prolongada, altas temperaturas e eventos pontuais como geadas afetou o desenvolvimento e o rendimento dos grãos.

Especialistas destacam que o período crítico de enchimento dos frutos sofreu com baixa pluviosidade, resultando em grãos menores e mais leves, principalmente na variedade arábica.

Essas condições desfavoráveis demonstram como o clima é um desafio constante para a produção agrícola e reforçam a necessidade de estratégias de adaptação.

Seca prolongada e altas temperaturas

A falta de chuvas e o calor excessivo durante meses essenciais para o crescimento da planta reduziram a capacidade produtiva das lavouras, afetando a qualidade e quantidade dos grãos.

Geadas e seus efeitos locais

A geada registrada em agosto no Cerrado Mineiro prejudicou diretamente as flores e frutos em formação, comprometendo o potencial produtivo para a próxima safra dessa região.

Adaptação e manejo das lavouras

Produtores buscam técnicas para minimizar os impactos climáticos, como irrigação eficiente, manejo do solo e utilização de variedades mais resistentes, mas os desafios permanecem complexos.

Projeções oficiais e consultorias para a safra brasileira 2025/26

As principais entidades que acompanham a safra de café no Brasil revisaram suas projeções para 2025/26, ajustando os números diante dos impactos climáticos observados.

A Conab estima 55,2 milhões de sacas beneficiadas, com uma queda de 11,2% na produção de arábica, que deve alcançar 35,2 milhões de sacas. Já o conilon tem projeção de alta de 37,2%, chegando a 20,1 milhões de sacas.

Por sua vez, a consultoria Safras & Mercado prevê uma safra total de 63,35 milhões de sacas, menos 3,3% que a estimativa anterior, com arábica em 38,05 milhões e robusta/conilon acima de 25 milhões de sacas.

Diferenças entre as estimativas

As divergências nas projeções refletem metodologias distintas e atualizações constantes conforme novas informações chegam do campo.

Fatores que influenciam as revisões

Além do clima, o rendimento dos grãos após beneficiamento, variações regionais e ajustes na área plantada são levados em conta para refinar as projeções.

Importância da atualização constante

Manter estimativas atualizadas é essencial para que produtores, exportadores e investidores possam tomar decisões mais seguras e estratégicas.

Produção de Arábica: quebra significativa e consequências

A variedade arábica, conhecida pela qualidade superior e maior valor no mercado, é a mais afetada em 2025. A quebra estimada ultrapassa 11%, impactando diretamente o volume total da safra brasileira.

O rendimento reduzido se deve principalmente aos frutos menores e menos pesados causados pelo estresse hídrico e térmico no período de enchimento dos grãos.

Essa redução pode influenciar preços internacionais e a disponibilidade do café arábica, que é amplamente consumido no Brasil e no exterior.

Características do arábica e sensibilidade climática

O café arábica é mais suscetível a variações climáticas, especialmente geadas e secas, o que torna a safra mais vulnerável em anos adversos.

Impactos econômicos para produtores

A diminuição da produção pode reduzir a renda dos agricultores e pressionar custos de produção, exigindo ajustes na cadeia produtiva.

Perspectivas para o mercado consumidor

A oferta menor pode refletir em aumento de preços e maior valorização do produto no mercado internacional, influenciando hábitos e estratégias de compra.

Conilon/Robusta: crescimento e regularidade climática

Ao contrário do arábica, a safra de conilon (ou robusta) apresenta crescimento significativo em 2025, estimado entre 21,9% e 37,2% dependendo da fonte consultada.

Esse aumento está diretamente ligado à melhor regularidade climática nas regiões produtoras, que favoreceu a floração e a formação de frutos, além da maior resistência da variedade a condições adversas.

O crescimento do conilon pode representar uma oportunidade para diversificação e fortalecimento do setor cafeeiro brasileiro.

Resistência do conilon a condições adversas

O conilon é mais tolerante a altas temperaturas e períodos secos, o que contribui para seu desempenho positivo em 2025.

Expansão das áreas cultivadas

Regiões produtoras têm ampliado o plantio de conilon, aproveitando o mercado crescente para essa variedade.

Impactos no mercado interno e externo

O aumento da produção pode equilibrar a oferta total e atender a demanda crescente por cafés robustos, usados também em blends e no segmento de cafés solúveis.

Eventos climáticos extraordinários: geada no Cerrado Mineiro

A geada de 11 de agosto no Cerrado Mineiro é um exemplo claro dos desafios que o setor enfrenta. Essa ocorrência afetou cerca de 5,5% do potencial produtivo local, podendo reduzir a próxima safra da região em aproximadamente 412 mil sacas.

Esse tipo de evento é raro na região, o que torna o impacto ainda mais significativo e preocupante para produtores e especialistas.

O estudo da Expocacer destaca a necessidade de medidas preventivas e adaptação para mitigar os efeitos de eventos extremos.

Características da geada e sua formação

Geadas ocorrem quando a temperatura cai abaixo de zero, causando danos às plantas, especialmente durante períodos de floração e frutificação.

Consequências para a safra e para os produtores

Além da redução imediata na produção, a recuperação das plantas pode levar tempo, afetando ciclos futuros e a saúde das lavouras.

Medidas de prevenção e mitigação

Estratégias incluem monitoramento climático, uso de variedades resistentes e técnicas de manejo que minimizem os danos.

Dados das consultorias: Safras & Mercado, StoneX e Itaú BBA

Além da Conab, consultorias renomadas como Safras & Mercado, StoneX e Itaú BBA apresentam dados que reforçam a percepção de safra problemática para o café arábica em 2025.

Safras & Mercado revisou a projeção para 63,35 milhões de sacas, com queda na arábica e crescimento no robusta. StoneX destaca redução de 18,4% na arábica, mantendo aumento para o robusta. Itaú BBA confirma quebra de 11,5% na arábica e mantém estabilidade no robusta.

Essas análises reforçam a complexidade do cenário e a necessidade de estratégias alinhadas para o setor.

Metodologias e fontes de dados

As consultorias utilizam dados de campo, beneficiamento e oferta e demanda para ajustar suas projeções, garantindo maior precisão.

Análise comparativa entre as projeções

Embora divergentes em números exatos, todas apontam para uma safra de arábica menor que o esperado, com robusta em crescimento.

Impactos para o planejamento do setor cafeeiro

Os dados auxiliam produtores, cooperativas e empresas a ajustar suas estratégias de comercialização, investimento e manejo.

Tabela: projeção da safra brasileira de café 2025/26

Fonte	Total de Sacas (milhões)	Arábica (milhões)	Conilon/Robusta (milhões)	Variação Arábica (%)	Variação Conilon (%)
Conab	55,2	35,2	20,1	-11,2%	+37,2%
Safras & Mercado	63,35	38,05	25,3*	-14%	—
StoneX	62,3*	36,5	25,8	-18,4%	+21,9%
Itaú BBA	62,8	38,7	24,1	-11,5%	—

*Estimativa aproximada baseada em dados disponíveis.

Passo a passo para mitigar os impactos na safra de café

1. Monitore constantemente as condições climáticas nas áreas produtivas.
2. Adote práticas de manejo sustentável, como irrigação eficiente e controle do solo.
3. Invista em variedades resistentes a estresses climáticos.
4. Planeje a colheita e beneficiamento para minimizar perdas e garantir qualidade.
5. Busque apoio técnico e atualize-se com dados oficiais e consultorias especializadas.
6. Considere diversificação e estratégias de comercialização para reduzir riscos.

Conclusão

A safra de café brasileira em 2025 enfrenta um cenário desafiador marcado por uma redução significativa na produção de arábica, causada principalmente por eventos climáticos adversos e pelo ciclo natural da bienalidade. Embora o conilon apresente crescimento, a quebra na variedade mais valorizada exige atenção e adaptação por parte do setor.

Entender as projeções e os fatores que impactam a safra de café é fundamental para produtores, investidores e demais agentes da cadeia produtiva. A resiliência frente a essas adversidades e o uso de estratégias adequadas serão cruciais para garantir a sustentabilidade e o sucesso do café brasileiro nos próximos anos.

Este acompanhamento detalhado reforça a importância de um olhar atento e informado para o futuro do café, bebida que faz parte da cultura e economia do Brasil.

Para mais informações e dados atualizados, consulte os relatórios oficiais da Conab, Safras & Mercado e StoneX.