Produtores de SP e MG colhem primeiro café com menor pegada de carbono

Dois produtores de café, localizados em São Paulo e Minas Gerais, estão colhendo os primeiros frutos de uma produção com menor pegada de carbono. Juliana e Flávio Pereira Mello, de Monte Santo de Minas (MG), e Diogo Dias Teixeira de Macedo, de São Sebastião da Grama (SP), foram selecionados entre 40 cafeicultores para participar de um projeto inovador da Yara Fertilizantes, em parceria com a Cooxupé.

O projeto utiliza um fertilizante produzido a partir de biometano, uma fonte renovável que reduz em até 40% as emissões de carbono. A iniciativa busca não apenas preservar o meio ambiente, mas também agregar valor ao café brasileiro, destacando-o no mercado internacional.

Sustentabilidade e tradição em Monte Santo de Minas

Na Fazenda Nova Aliança, Juliana e Flávio administram 264 hectares, sendo 150 dedicados ao café e 58 à mata preservada. A produção é mecanizada e conta com práticas sustentáveis, como o uso de energia solar, reciclagem de resíduos e uma fossa séptica para evitar a contaminação do Rio Grande, que passa pela propriedade.

Além do cuidado ambiental, o casal também investe em iniciativas sociais, como projetos de alfabetização para os funcionários e a criação de uma brinquedoteca para as crianças. A sustentabilidade é um pilar central na fazenda, que exporta café para mercados exigentes como Inglaterra, Irlanda e Nova Zelândia.

A aplicação do fertilizante renovável começou em uma área de 5 hectares, e os primeiros resultados já foram colhidos. Para Juliana e Flávio, a inovação é uma forma de manter a qualidade do café enquanto reduzem o impacto ambiental.

Produção manual e agricultura regenerativa na Serra da Mantiqueira

A 292 quilômetros dali, em São Sebastião da Grama, Diogo Dias Teixeira de Macedo administra a Fazenda Recreio, uma propriedade com 596 hectares, sendo 221 dedicados ao café. A produção é toda manual devido ao relevo acidentado da região, e a fazenda conta com 120 funcionários durante a colheita.

Diogo adota práticas de agricultura regenerativa para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, como o uso de polinizadores naturais e uma combinação de adubação biológica e química. A aplicação do fertilizante renovável foi realizada em 8 hectares, tornando a propriedade “carbono negativa”, ou seja, capaz de remover mais dióxido de carbono do que emite.

A Fazenda Recreio exporta 70% de sua produção para países como Japão, Estados Unidos e Noruega, além de atender marcas como Nespresso. Para Diogo, o uso do fertilizante sustentável é uma oportunidade de agregar valor ao café e atender às exigências dos mercados internacionais.

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Um novo padrão para a cafeicultura

O fertilizante utilizado no projeto faz parte do portfólio Yara Climate Choice, que combina nutrição de plantas com fontes renováveis, reduzindo significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de fertilizantes nitrogenados pode gerar entre 1,5 e 3 toneladas de dióxido de carbono por tonelada do produto.

Com a nova tecnologia, a Yara Fertilizantes busca atender às metas de sustentabilidade globais e fortalecer a competitividade do café brasileiro no mercado internacional. A iniciativa é um exemplo de como a inovação pode transformar a agricultura, unindo tradição e responsabilidade ambiental.

Os resultados iniciais mostram que é possível produzir café de alta qualidade com menor impacto ambiental, criando um modelo que pode ser replicado em outras regiões do país. A expectativa é que iniciativas como essa se tornem cada vez mais comuns, consolidando o Brasil como referência em sustentabilidade na cafeicultura.

Conclusão

A adoção de práticas sustentáveis na cafeicultura, como o uso de fertilizantes renováveis, está transformando o setor e colocando o Brasil em destaque no mercado internacional. Produtores como Juliana, Flávio e Diogo mostram que é possível unir tradição, inovação e responsabilidade ambiental para produzir cafés de alta qualidade com menor impacto ao meio ambiente. Essa iniciativa não só agrega valor ao café brasileiro, mas também reforça o compromisso do país com a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais.

Fonte: Forbes